(onde quer que vá ou me encontre)
Porque homenagear as vítimas não
me transforma em charlie, assim como
condenar os agressores o não faz. Não que seja um moderado antes pelo contrário.
Sou da massa dos que fervem com
as injustiças do mundo. Mas o mundo que nos contam é tão diferente do mundo que
nos escondem. Talvez por isso, e sem qualquer reserva moral, a liberdade tão apregoada
pelos arautos da mesma precisa de ser vivida com abertura suficiente para que
os seus passos não sejam os da provocação constante e do desrespeito do outro.
Quanto esta acontece ( e aqui ela
é bilateral, deixemo-nos de falsas modéstias ou cegueiras circunstanciais), não
há espaço para grandes considerações filosóficas, de pendor místico-gasoso, defensoras
duma ação que não permita o silenciar imposto.
Acredito que não há piores silêncios
do que o da indiferença ou dos que nascem das pazes impostas (negociadas).
Negociação e indiferença são
terras de ninguém, assim como a provocação!
Levam-nos, sempre, para os campos
do outro, do alheio, do desconhecido porque diametralmente diferente… E aqui as
diferenças alheias, porque aparentemente aceites, não transformaram mentalidades
apenas as adiam de se cumprirem até um dia…
Não sei se Europa encontrará caminhos
de salvação. Sei que a nossa história e a história de cada comunidade tem uma
linha que, ao ser feita e percorrida, traz alterações significativas ao jeito
de ser e de pensar (levando-nos para o campo do existir).
Tentar o contrário, é desejar o
impensável… talvez por isso eu hoje não seja charlie, por que continuo a ser daqueles que não entende e aceita
em plenitude a diferença do outro (desculpem-me mas é verdade de mim), e por
isso continuo, supostamente, a matar em cada dia que passa. Aceitando, contudo,
continuar a fazer o caminho inverso como projeto. A Amar, portanto.
Aceito, ou tento pelo menos, a
diferença radical de mim nos outros, tentando amá-la mesmo sem a compreender em
tantas essas outras vidas. Conseguindo, contudo, entendê-las como sagradas.
O Outro é Sagrado para mim. Nunca
tanto como agora, no sentido que este é o tempo que nos é dado viver: é urgente
esta cristificação de cada um de nós e do outro. Urge que as pontes sejam
tarefas de todos os dias e não apenas a semeadura de caminhos completamente
minados.
Não sou mais do que outro por muito diferente que seja de mim...