quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

No meu país há doutores (e engenheiros) ao dia…



(Ainda e sempre, por Coimbra!)

...e não falo daqueles que compram os cursos em qualquer alfarrabista ou universidade que, por acaso, até tinha secretaria a funcionar ao fim de semana. Falo daqueles que, com o seu esforço, se puseram ao caminho e conseguiram o tão esforçado e ambicionado, por si e pelos seus, título.
Acontece que, se antes, a fama do título ultrapassava as fronteiras laborais e se estendia à própria nomenclatura e existência social (passava-se a ser em todo o lado e qualquer parte sr. doutor ou professor ou engenheiro), atualmente, muitas destas designações acontecem só em ambiente laboral. Porque, entre muitas outras coisas, democratizou-se o acesso aos ditos cujos títulos académicos, transversalmente à formação conseguida…
Está mal, dizem alguns. Está bem dizem outros! Não sei se bem ou mal, o que sei é que isto acontece tão perto de nós… e não deixa de ser estranho descobrir que, afinal, os vizinhos do 18º esquerdo são doutores e engenheiros entre as 9 e as 18 e depois regressam à titularidade infantil: o Zé da Ti Nica e a Lau do Ti Zé da Mercearia!

Deu-me para isto!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

De pequenos adões, evas, cains e abéis!


(em Coimbra, sempre)


Qualquer dia escrevo uma teoria sobre os likes do e no facebook... é tão engraçado analisar as birras on-line, os círculos mediáticos, as estratégias da amizade, as proximidades reais, os alpinistas socias, os que gostam de tudo e os que não gostam de nada, os que tudo vêem e os que fazem tudo para que se não perceba que viram, estiveram, foram, opinaram, pensaram, desejaram…

E não me refiro apenas às possíveis reacções aos escritos e partilhas dos nossos amigos, conhecidos e afins…  

Reconheço que, às vezes, dou comigo a recordar-me das pessoas a quem nunca pedirei amizade ou das que nunca me pedirão a mim (por acaso parece-me consensual de ambas as partes…- até agora)!

Este mundo das relações humanas é tão interessante e básico como nas narrativas do início, armados em pequenos adões, evas, cains e abéis!!!

De vitória em vitória, ou não, até ao triunfo final!


(Relativamente à teoria/promessa que um dia hei-de escrever… -não fiquem à espera, nem tenham grandes expectativas…).

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Pináculos da existência... -des cartes sur la table!






(Vitry sur Seine)

Saber onde estamos e saber que somos.  E como saber quem somos, por vezes, nos altera o onde estamos e o saber onde estamos altera o quem somos.

Saber onde estou e quem sou... tenho de saber estar com o que sou e saber ser onde estou.

Eu e as minhas tentativas para não ser, claro!
-Sem esforço nenhum! Com humor, algum!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Por muito diferente que seja de mim...



 (onde quer que vá ou me encontre)

Porque homenagear as vítimas não me transforma em charlie, assim como condenar os agressores o não faz. Não que seja um moderado antes pelo contrário.
Sou da massa dos que fervem com as injustiças do mundo. Mas o mundo que nos contam é tão diferente do mundo que nos escondem. Talvez por isso, e sem qualquer reserva moral, a liberdade tão apregoada pelos arautos da mesma precisa de ser vivida com abertura suficiente para que os seus passos não sejam os da provocação constante e do desrespeito do outro.
Quanto esta acontece ( e aqui ela é bilateral, deixemo-nos de falsas modéstias ou cegueiras circunstanciais), não há espaço para grandes considerações filosóficas, de pendor místico-gasoso, defensoras duma ação que não permita o silenciar imposto.
Acredito que não há piores silêncios do que o da indiferença ou dos que nascem das pazes impostas (negociadas).
Negociação e indiferença são terras de ninguém, assim como a provocação!
Levam-nos, sempre, para os campos do outro, do alheio, do desconhecido porque diametralmente diferente… E aqui as diferenças alheias, porque aparentemente aceites, não transformaram mentalidades apenas as adiam de se cumprirem até um dia…
Não sei se Europa encontrará caminhos de salvação. Sei que a nossa história e a história de cada comunidade tem uma linha que, ao ser feita e percorrida, traz alterações significativas ao jeito de ser e de pensar (levando-nos para o campo do existir).
Tentar o contrário, é desejar o impensável… talvez por isso eu hoje não seja charlie, por que continuo a ser daqueles que não entende e aceita em plenitude a diferença do outro (desculpem-me mas é verdade de mim), e por isso continuo, supostamente, a matar em cada dia que passa. Aceitando, contudo, continuar a fazer o caminho inverso como projeto. A Amar, portanto.
Aceito, ou tento pelo menos, a diferença radical de mim nos outros, tentando amá-la mesmo sem a compreender em tantas essas outras vidas. Conseguindo, contudo, entendê-las como sagradas.
O Outro é Sagrado para mim. Nunca tanto como agora, no sentido que este é o tempo que nos é dado viver: é urgente esta cristificação de cada um de nós e do outro. Urge que as pontes sejam tarefas de todos os dias e não apenas a semeadura de caminhos completamente minados.
Não sou mais do que outro por muito diferente que seja de mim...