sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Pegada escatológica, number two!


(Pelas Ruas de Santiago de Compostela)



Tenho um certo prazer em perceber que, das várias catalogações que me perseguem, a “homofobia” continua a ser uma delas. Não sei se padeço dessa, sei que o meu imaginário de construção sócio-relacional ( ,a convicção holística do humano) deseja algo bem diferente para as pessoas que conheço e para as do  mundo em geral. E não trato mal as que optam por outros caminhos…

Mas não deixo de me inquietar com todos os aquele que se arvoram do mais esclarecido e “inclusivo” que o mundo trouxe à luz, ainda antes do Adão e a Eva terem sido expulsos do Paraíso, quando ao mínimo contacto com algum espécime mais dado a trejeitos logo trazem ao de de cima o rosnar enviesado e o apontamento, entre dentes, de algo estranho que estão a observar… Para não falar no caso em que ele mais ele ou ela mais ela dão azas à sua imaginação em público… Houvesse alarmes móveis de estrabismo à mão e logo teríamos o fim do mundo em sinfonias!

De qualquer modo, intuo e defendo que esta pseudo-abertura aos tempos modernos só pode mesmo dar asneira. Quase a fazer recordar aquele conceito académico da Pax Romana que ilustra a queda do império com o mesmo nome (só que me masculino). Passamos demasiado tempo à procura do que pretendemos ser em detrimento do que verdadeiramente somos. E bem, dirão alguns e direi eu também!

Acontece que, os ângelos, as clínicas dos pêlos e os ginásios e afins,  de tanto abundarem, passando pelas capas preenchidas de vidas e fotos reais de realidades irreais, falam mais do que não somos do que verdadeiramente poderíamos ser e que verdadeiramente importa.

Mas o mundo que lemos e perseguimos está mais interessado em perceber que a Actiz X começou a fazer a espargata e a ir ginásio 2 horas depois de dar à luz , tendo saído do hospital já em biquíni, do que propriamente perceber se o que pensa, escreve(ou manda escrever como de dela fosse), faz na sua vida é digno de memória futura sem o patrocínio duma marca qualquer…

Começo a ter algumas saudades dos tempos em que havia ritmos… para a dor, como o luto, para os nascimentos, como o "regemento", para o voltar à vida normal sempre que algo de extraordinário acontecia… Não advogo o conservadorismo estéril e cristalizado… mas com tanta correria para sermos o mais frente possível pouco tempo fica para perceber o quanto somos Homens e Mulheres, com História e para História!

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Pegada escatológica I


(Algures por Coimbra)
 
Nada há de pior do que viver num tempo fora do tempo em que se vive.

Por outro lado nada há de melhor do que viver para sempre em todo o tempo que fica… o restante. Deixando, se possível, um rasto de luz (como diria alguém a quem devo a uma parte significativa da minha formação espiritual).

Fora das lides artísticas, continuo a acreditar que o que vamos deixando atrás de nós é a nossa herança a memória de nós do que fomos e capazes de ser e construir, a nossa pegada escatológica.

Talvez pelas primeiras vezes notei, nestas férias, a curiosidade regular e constante das minhas filhas em ler algumas das coisas que o pai foi publicando nas redes sociais ao longo dos últimos anos (o que as fez percorrer algumas das notas que fui partilhando “urbi et orbi” ao longo dos tempos: textos, fotos e imagens… Nada de muito profissional (Mas até o próprio, eu;  já tinha notado que, de tempos a tempos, ou de férias em férias gosta de criar algum dinamismo temático e publicar algumas coisas mais leves, outras mais pesadas, alguns recados cirúrgicos ou simples reflexões dispersas no tempo e nos tempos (sim há datas que são marcantes que merecem o seu apontamento mesmo que não se refira o dia ou o acontecimento fundador)).

Um pouco por tudo isso que fica atrás escrito, continuo a achar uma certa piada aos que ousam não deixar rasto digital, a esconder as caras das crianças nas fotos, a não publicar nada que um dia, em suposto futuro, possa ser usado contra o próprio e sabe-se lá mais quem. (Como se um passeio na rua, um pagamento com cartão, a entrada em qualquer loja, uma busca na internet, ou a simples adesão a um cartão de fidelidade não registassem mais de nós do que nós possamos imaginar).

No mundo empresarial temos o RGPD, na vida social não se sabe bem o quê mas não vá, um dia, a esquizofrenia americana tomar conta de nós e um simples “bom dia”, partilhado na rua, transformado em suposta agressão verbal, prima da direita da maior das violações da privacidade…

Há que voltar aos tempos de não ter medo de deixar atrás de nós algo que nos perpetue e nos dignifique. A nós e aos nossos!

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Nicodemos, há poucos e pelo pior!

(Coimbra, ali mesmo na FPCE - UC)
 
Os meses e anos passam e com eles as dinâmicas das plataformas ditas sociais (e digitais) encontram nos seus utilizadores vários estádios (sim estádios) de alma. Do tempo em que se procura a visibilidade, leitura e reconhecimento da multidão (dos almejados likes e seguidores que, em certos casos, serão suficientes até para manter a sustentação do ego e a económica) até ao tempo em que mais que tudo não queres deixar de partilhar esta ou aquela convicção, mesmo que ninguém a leia e ou te siga.

E o meu tempo anda por aqui, percebendo acolá os que agora se pintam e se pavoneiam, os que se mostram ao mundo com as suas ideias de pessoas renovadas, os outros que se esfumaram daqui para começar a parecer acolá… e em todos eles sinto aquela tentativa de nicomedização negativa da existência -como se apagar o que fomos fosse condição essencial para sermos o que queremos para o hoje e amanhã.

Já fui do tempo dos juízos fáceis e até atrozes. Os telhados de vidro permitiram-ME saborear a vida com as suas/MINHAS limitações.

E no meio disto tudo, mais não pretendo do que continuar a procura do mais nobre de nós, sem subterfúgios de segunda ou salvadores de primeira numa escala sempre, não duvido, de segunda e mais para baixo. E o que sei e o que observo é que precisamos cada vez mais, todos e cada um de nós, de intermediários.

(As coisas que escrevo inspirado na separação recente de alguns amigos e conhecidos a quem almejava maior longevidade nas relações que lhes conhecia! Assim não foi. Entre as várias coisas que me doem, sabendo que a eles doerá muito mais, o não ter estado lá. A seu tempo assim será, senão com eles, com outros!)

terça-feira, 26 de julho de 2016

De presunções está a mundo cheio, ainda bem! E de desfocagens, também, ainda mal!


(Barragem de Santa Luzia, Pampilhosa da Serra)


Sou um homem de sorte que tem a presunção de que quem me conhece tem a sorte de me conhecer. Passe o embrulho das palavras e das ideias.

O facto é que já tarde, sigo para casa em carro separado da Ana uma vez que nos tínhamos juntado (e jantado, se jantado…), após o dia de trabalho, em casa da sogra.

Quando saio do carro, ainda com a chave na mão vejo um jovem a vir em minha direcção meio cambaleante e a sorrir e, como se não bastasse, tentou tirar-me a chave do carro da mão. Facto que não consumou uma vez que os meus reflexos estavam ainda relativamente activos e a confiança, tendo em conta a pouca robustez física do miúdo de 23 ou 24 anos, de que não estaria diante de grande opositor.

Vai não vai, trocamos algumas palavras, entre as quais as da minha certeza que não iria fazer o que pretendia. Ao que, o dito cujo, me diz que não se importa uma vez que se vai matar e que fugiu do hospital! Palavras que me deixam inquieto pela incerteza que os factores aparentes me pareciam mostrar: estaria o miúdo embriagado, num estado de alucinação, já medicado!?

A verdade é que senti pelo rapaz uma certa “ternura”. Estava visivelmente “adormecido” e cambaleante fosse qual fosse a razão… o que me levou e continuar a conversa com a preocupação de perceber o que se passaria e o que seria uma aproximação à Verdade.

E a verdade é que lhe disse olhos nos olhos que tinha tido a sorte de me conhecer e que, como tal, não se iria matar! Ao que ele sorriu e me pediu para que ligasse à mãe, dizendo prontamente um número de telefone. Registei e marquei por duas vezes mas ninguém atendeu. Situação que me fez ter a certeza de que, das duas uma, ou o miúdo estava mesmo bêbedo (e perdido), ou teria fugido mesmo do hospital.

Não atendendo a mãe, disse-lhe que iria certificar-me se ele estaria a falar verdade. Liguei para o 112 e foi o início de uma conversa entre o possível e o real:

-o possível para dizer o que me parecia que se passava…(e o técnico do 112 bem andou a tentar perceber se eu não estaria a fazer um telefonema da treta, até porque com a preocupação tive uma branca e não me lembrava do nome da minha rua….(situação que colmatei indo ao carro ver os documentos (-os cérebros têm brancas estranhas, serão só os dos génios!?);

-o real é que tinha um miúdo á minha frente que não poderia deixar fugir enquanto ía tentando provar ao 112 a verdade da situação.

E a verdade, é que lá fui falando ao telefone, falando com o miúdo, não lhe deixando uma distância muito grande de mim para que se fugisse o pudesse apanhar ou pelo menos impedi-lo de se tentar magoar com gravidade tendo em conta a proximidade de algumas escadarias perigosas.

A meio da conversa chega um vizinho que entretanto chamei para ajudar (obrigado Rui bem sei que deves ter ficado baralhado, também por outras razões que a literatura junta não precisa de contar) que foi assistindo à conversa e integrando-se e inteirando-se da situação. Ajudando-me com o olhar a certificar que de facto o rapaz não estaria bem.

Passados alguns minutos, chega um carro descaracterizado com um senhor a falar para um comunicador. Sai do carro, permitindo-me perguntar-lhe se estava a tratar daquele assunto. Acena-me que sim, enquanto se dirige para o rapaz que, de facto, não oferece qualquer resistência. Tá-se bem. Era uma noite quente! Chegam mais dois carros, estes da polícia, que entretanto pegam no rapaz e me confirma que teria fugido do hospital.

Não sei as circunstâncias, se foi do internamento ou da urgência, sei que gostei de conhecer aquele miúdo e mais uma vez chegar á conclusão que mesmo quando não esperamos podemos fazer algum bem à vida de com quem nos cruzamos (espero ter sido o caso) memso que acidentalmente.

As melhoras miúdo! Põe-te bom que tal, como te disse, “agora que me conheceste, vou-te salvar!” Ao princípio não acreditaste mas naquela noite consegui!

Chego a casa e conto a história à Ana (que entretanto já me tinha ligado não sei quantas vezes mas como estava ao telefone não tina percebido) que olha para mim, e talvez pelo meu entusiamo, como se eu tivesse tido uma alucinação!!!

Mas não tinha tido. Era bem verdade! E ainda bem!

domingo, 22 de maio de 2016

#AL3,14amordaminhavidaSTAS


(pela primeira vez, uma imagem que não é minha)
 
“Eu leio livros,

Eu oiço Sinfonias,

Vi Catedrais ,

Não há muita coisa que me emocione…”

(rap, governo sombra, 21/05/16)

… e eu, muito de vez em quando, vou a Museus e faço uns Cursos!
O suficiente para perceber que há fauna neste mundo que não presta. E, sem pedir desculpa, apenas digo isso mesmo, que, antes de tudo, tenho de ser fiel a essa minha capacidade de ler e sintetizar vidas.

Desculpem (afinal peço), mas não gosto de vocês!

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

PAredes que falam mas que podiam contar muitos mais!


(Lisboa, 2015)
 
 
Reconheço que o tema não é pacífico mas também não pretendo esgotá-lo por aqui (!). Mas ficar calado é deixar que outras «ideias, opiniões ou convicções» façam escola e continuem a presidir às acções que depois perduram e demoram, por vezes, décadas, séculos ou até milénios a reparar!
Melhor, acredito que o assunto não terá sido pacífico e que terá envolvido várias pessoas e sensibilidades mas, como tudo o que não se discute na praça pública, (e nem tudo tem de o ser ou dever ser; e mesmo que tenha sido, nem sempre chega a este servo essa informação nem teria de chegar ou poderia ter chegado se a procurasse) permite que tentemos perscrutar outras possibilidades.
E sabemos, e por isso o sublinhamos, como este tipo de assuntos, por vezes, deixam as suas marcas até à eternidade em pessoas e até instituições.

Contudo, sou um daqueles sortudos que teve o privilégio de habitar aquelas paredes frias do Seminário de Leiria de 1984 a 1994. Dez anos, que recordamos (eu e tantos outros) com carinho! Dez anos tendo a sorte de não ter tido os melhores formadores do mundo mas formadores que, à sua maneira, com o que sabiam e o que procuravam saber, fizeram o melhor que intuíam enquanto pessoas, fruto da vivência da Fé em Deus e da vivência eclesial. Alguns com idade para serem, já então, nossos avós, mas que à sua maneira nos transmitiam um conjunto valores, de jeitos de vida e paixões únicos e inspiradores (haja quem escreva essa história bem melhor que eu, com o engenho e arte que lhes é merecida).
No entanto, tenho de o partilhar, e apesar das muitas e oportunas obras, consigo ir passando por aqueles corredores, alguns já modificados, e continuar a sentir-me dos da casa, a identificar em alguns pontos específicos os habitantes de então, com quem nos cruzávamos nas várias “secções” que nos permitiam entrar como crianças e sair já, ou quase, homens e padres feitos!
Talvez por tudo isso, e algo mais é certo, que foi com um pico de ansiedade (os 40 anos não trouxeram grande maturidade mas trouxeram essa capacidade de querer saborear a totalidade da vida recente e passada) que na companhia de um companheiro de então fui privilegiado com uma visita não oficial… (desculpem mas ainda hoje sentimos aquela casa e causa como nossas) às novas paredes do nosso Seminário. (Aqui percebo melhor o tom com que um falecido tio, ex-seminarista, falava dos seu velho seminário, hoje “apagado” sob a construção do actual Arquivo Distrital de Leiria).
E desculpem-me a angústia que partilho ter sentido quando, em alguns lugares, salas e espaços, fui sendo confrontando com os nomes que desde sempre habitam a corte celestial, e alguns candidatos (recordo-me do Papa Francisco…). Reconheço que para mim aqueles lugares, por muito que estejam enfeitados com nomes e histórias como o da “Beatriz da Silva”, estão-no muito mais pelo de “recentes” bispos, reitores, formadores (prefeitos), professores, directores espirituais, funcionários, padres e  leigos, irmãs, visitadores... Recordo os do meu tempo, assim como as gerações anteriores e as que seguiram recordarão os seus… e eram esses todos que, com todo os riscos inerentes, gostaria de ver por ali referenciados nos nomes, nas histórias, enfim na Obra!
Sem medos, por que quem não tem capacidade de celebrar os vivos, penso sem a exclusividade da verdade, que pouca capacidade terá de celebrar o melhor que a vida nos deu: (e que por aquelas paredes aprendemos, como mister, tantas vezes em conflito interior, confronto intelectual, batalha geracional, aprendemos, repito, a Amar) as Pessoas! Com quem nos vamos cruzando em vida. Mesmo que tenham partido ou andem por aí ainda. Todos os outros já canonizados qb, não me importa de os encontrar um dia na eternidade! Mas, a estes, gostaria de os ir tocando e vendo como referenciados na história recente da minha e de tantas outras vidas que por ali se foram cruzando e fazendo a Igreja diocesana e universal. Tudo isto sem uma interferência maior da corte canónico-celestial!
Seria possível!? -Não sei! Sei que é possível escrevê-lo, partilhá-lo e desejá-lo!

PS1. Um pedido: Aquela Sala Papa Francisco será para mim e muitos outros a sala do Sr. Carlos. Homem de sete ofícios, a quem recorríamos sempre que algo de “tecnológico” fosse necessário! Custa assim tanto, celebrar a história?
PS2. Como aquela sala, muitos outras haverá nessa casa que para sempre ficarão associadas na memória dos vivos  a pessoas e factos concretos! Estas linhas pretendem, quanto muito, sublinhar que acredito ser possível e desejável que tal aconteça!

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Fugas de um Amor menor! -Ou isso, ou uma droga qualquer que me adormeceu, a mim, ou os enfeitiçou a eles!?

(Lisboa, 2015)


Reconheço a minha dita cuja preguiça, se assim lhe quisermos chamar. Mas a vida tem-me permitido (alguns excessos, é certo, mas também e sobretudo) uma certa convivência com o mundo e as pessoas de um modo geral. Ao ponto de me poder considerar um moderado com uma capacidade "fora do habitual" (presunção à parte) para ler a vida, os acontecimentos e as pessoas.
Talvez por isso, sempre que ouço os grandes gurus das ocupações alternativas de tempo (desportivas, artísticas, e outras)  não é sem uma certa distância de dúvida para-existencial que o faço e me posiciono a tentar perceber como é que é possível eu não ocupar de maneira tão loquaz o meu tempo ou os meus tempos!
E, reconheço, que nem um pingo de vergonha ou de inveja me assola!
Porque é vê-los (em tempos que já lá vão, tão ocupados para poder acompanhar os filhos à escola ou nos trabalhos; em tempos que já lá vão, tão expropriados da possibilidade de partilhar com as caras metades as lides mais ou menos domésticas; em tempos que já lá vão, completamente impossibilitados de empenhamento em qualquer causa enriquecedora do bem comum; em tempos que já lá vão, manifestamente entristecidos pela sua ausência na construção da dita cuja cidade que habitamos) agora a ter tempo, e a passar horas e dias a lutar pelos quilómetros sem fim, pelas velocidades estonteantes, pelas resistências supra humanas e a ausentar-se sistemática e continuamente do convívio daqueles a quem a vida lhes deu, por opção (e acaso), para não serem mais do que uma referência desportiva ausente, uma presença efectiva e afectiva que prima pela ausência.
Que me perdoem os meus amigos que, por vezes resvalam por estes caminhos da minha incompreensão, mas ninguém me tira  a ideia que tanta ausência, na companhia de  qualquer equipamento desportivo ou artístico ou, simplesmente, na companhia de si mesmo e da procura dos seus próprios limites (mesmo que a maior parte do tempo em alucinação quase letal) é comparável ao tempo que podemos e devemos passar com aqueles que amamos, em consciência!

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Como te disse, ó Diogo! (título inspirado num escrito do Apóstolo Lucas, mas então dirigido a um, tal como agora, Teófilo, quando os Actos eram frutos duma paixão mais ou menos recente mas transformadora qb!)


(Em várias ruas da minha cidade, Leiria)
 
Sou um adepto da amizade. E, como te disse ó Diogo, foi ela que nos permitiu no passado a construção de um conjunto de cumplicidades que tiveram o seu efeito pastoral. E grande, penso. Reconheço a minha deserção. Contudo, a leitura que possa fazer dela também tem elementos positivos que um dia serão tratados com maior pormenor.

Agora, interessa-me sublinhar esta pertença a uma terra que tem gente boa demais, dispersa! Sem consequência. Des(e)respeitada! Qua anda por aí a pintar paredes e a fazer festas de circunstância porque a tradição assim o obriga.

Agora, pensar, inovar, testar, construir, sonhar, desenhar, antecipar. Crer, acreditar, adaptar, celebrar, etc… dá mais trabalho e exige maiores ligações “amorosas”. Entre as pessoas. Das pessoas! Com as pessoas! E, imagine-se, para as pessoas! Este cristianismo está mesmo bem esgalhado, ou não fosse ele o fruto da relação entre Pessoas!

Hoje sei-o, passados muitos anos, e fruto da distância que nos permite, afinal, reconhecer o que, então, nos deu o sucesso (in)consciente nas ruas desta Cidade!

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Casos de exclusividade e de abuso de linkes!!!!


(Pelas ruas de Leiria)

coisas que me metem imensa confusão...
-como esta notícia que traz de novo à ribalta a relação (ou a confusão) entre os espaços de culto e o tipo de música com permissões a estar presente...
(lido aqui)

-mas mais confusão ainda é a indiferença com que acontecem concertos com determinados tipos de música em espaços que foram de culto (como a Igreja da Pena), é certo, mas que mereciam outra reverência histórica...

(e não tenho nada contra o Entremuralhas (até porque tenho sido um dos clientes!))

Coisas que eu acho...

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Tenho “saudades” do tempo das admonições do Pe. Carlos Silva!!!



(Das ruas de Leiria, roubado a um partido político... por uma causa justa!)

 
Gosto de ritmos. Dos musicais e dos litúrgicos! E é sempre por tentativa que se vai tentando levar os filhos connosco às celebrações que os tempos da fé nos proporcionam. Talvez por isso a primeira participação integral da família numa vigília pascal foi algo que me encheu por dentro e que me fez sentir um verdadeiro patriarca (agora biológico).

E acho que correu bem…até porque se juntaram outros amigos (as redes sociais também servem para juntar a malta a celebrar a fé), ainda em idade activa e com filhos, como os meus, em idades muito activas…

Mas acho que isso foi giro e ficará para sempre nas memórias nossas e dos miúdos (mesmo dos que adormeceram ao colo após terem dado uns ares da sua graça: correndo, saltando e fazendo perguntas ou lançando exclamações mais ou menos incómodas) que perceberam que algo houve de diferente naquela celebração: e não só por ser maior que as habituais!

Gestos diferentes, lume aceso na rua, igreja às escuras que se foi iluminando, velas nas mãos, cânticos e mais cânticos, assim como as leituras, as ladainhas cantadas, um bispo que espalha água, lança palavras amigas e no fim oferece abraços de amizade e de pastor.

Apenas um reparo para algo que faltou... Faltou quem fosse explicando, não tanto aos novos como aos mais velhos, o que se estava a passar, a fazer, a significar, a simbolizar…

Talvez por isso tudo, e outras coisas mais, tive saudades das admonições do Pe. Carlos Silva. Não por serem dele (e como ele  (não) sabia (não) exagerar no tempo e na emoção!!!) mas porque, afinal, nos ajudavam (mesmo, pensando então que não).

Penso que a liturgia e as vivências que nos proporcionam ficam mais ricas quando alguém nos aproxima do que estamos a celebrar!!! Mais do que uma crítica é um pedido: senhores padres que “compõem” o altar, ajudem-nos no caminho que também cada celebração é e pode ser! Só assim se constrói o futuro que  a esperança nos anuncia, percebendo o que estamos a viver ou nos está a ser proposto para ser vivido!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

No meu país há doutores (e engenheiros) ao dia…



(Ainda e sempre, por Coimbra!)

...e não falo daqueles que compram os cursos em qualquer alfarrabista ou universidade que, por acaso, até tinha secretaria a funcionar ao fim de semana. Falo daqueles que, com o seu esforço, se puseram ao caminho e conseguiram o tão esforçado e ambicionado, por si e pelos seus, título.
Acontece que, se antes, a fama do título ultrapassava as fronteiras laborais e se estendia à própria nomenclatura e existência social (passava-se a ser em todo o lado e qualquer parte sr. doutor ou professor ou engenheiro), atualmente, muitas destas designações acontecem só em ambiente laboral. Porque, entre muitas outras coisas, democratizou-se o acesso aos ditos cujos títulos académicos, transversalmente à formação conseguida…
Está mal, dizem alguns. Está bem dizem outros! Não sei se bem ou mal, o que sei é que isto acontece tão perto de nós… e não deixa de ser estranho descobrir que, afinal, os vizinhos do 18º esquerdo são doutores e engenheiros entre as 9 e as 18 e depois regressam à titularidade infantil: o Zé da Ti Nica e a Lau do Ti Zé da Mercearia!

Deu-me para isto!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

De pequenos adões, evas, cains e abéis!


(em Coimbra, sempre)


Qualquer dia escrevo uma teoria sobre os likes do e no facebook... é tão engraçado analisar as birras on-line, os círculos mediáticos, as estratégias da amizade, as proximidades reais, os alpinistas socias, os que gostam de tudo e os que não gostam de nada, os que tudo vêem e os que fazem tudo para que se não perceba que viram, estiveram, foram, opinaram, pensaram, desejaram…

E não me refiro apenas às possíveis reacções aos escritos e partilhas dos nossos amigos, conhecidos e afins…  

Reconheço que, às vezes, dou comigo a recordar-me das pessoas a quem nunca pedirei amizade ou das que nunca me pedirão a mim (por acaso parece-me consensual de ambas as partes…- até agora)!

Este mundo das relações humanas é tão interessante e básico como nas narrativas do início, armados em pequenos adões, evas, cains e abéis!!!

De vitória em vitória, ou não, até ao triunfo final!


(Relativamente à teoria/promessa que um dia hei-de escrever… -não fiquem à espera, nem tenham grandes expectativas…).

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Pináculos da existência... -des cartes sur la table!






(Vitry sur Seine)

Saber onde estamos e saber que somos.  E como saber quem somos, por vezes, nos altera o onde estamos e o saber onde estamos altera o quem somos.

Saber onde estou e quem sou... tenho de saber estar com o que sou e saber ser onde estou.

Eu e as minhas tentativas para não ser, claro!
-Sem esforço nenhum! Com humor, algum!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Por muito diferente que seja de mim...



 (onde quer que vá ou me encontre)

Porque homenagear as vítimas não me transforma em charlie, assim como condenar os agressores o não faz. Não que seja um moderado antes pelo contrário.
Sou da massa dos que fervem com as injustiças do mundo. Mas o mundo que nos contam é tão diferente do mundo que nos escondem. Talvez por isso, e sem qualquer reserva moral, a liberdade tão apregoada pelos arautos da mesma precisa de ser vivida com abertura suficiente para que os seus passos não sejam os da provocação constante e do desrespeito do outro.
Quanto esta acontece ( e aqui ela é bilateral, deixemo-nos de falsas modéstias ou cegueiras circunstanciais), não há espaço para grandes considerações filosóficas, de pendor místico-gasoso, defensoras duma ação que não permita o silenciar imposto.
Acredito que não há piores silêncios do que o da indiferença ou dos que nascem das pazes impostas (negociadas).
Negociação e indiferença são terras de ninguém, assim como a provocação!
Levam-nos, sempre, para os campos do outro, do alheio, do desconhecido porque diametralmente diferente… E aqui as diferenças alheias, porque aparentemente aceites, não transformaram mentalidades apenas as adiam de se cumprirem até um dia…
Não sei se Europa encontrará caminhos de salvação. Sei que a nossa história e a história de cada comunidade tem uma linha que, ao ser feita e percorrida, traz alterações significativas ao jeito de ser e de pensar (levando-nos para o campo do existir).
Tentar o contrário, é desejar o impensável… talvez por isso eu hoje não seja charlie, por que continuo a ser daqueles que não entende e aceita em plenitude a diferença do outro (desculpem-me mas é verdade de mim), e por isso continuo, supostamente, a matar em cada dia que passa. Aceitando, contudo, continuar a fazer o caminho inverso como projeto. A Amar, portanto.
Aceito, ou tento pelo menos, a diferença radical de mim nos outros, tentando amá-la mesmo sem a compreender em tantas essas outras vidas. Conseguindo, contudo, entendê-las como sagradas.
O Outro é Sagrado para mim. Nunca tanto como agora, no sentido que este é o tempo que nos é dado viver: é urgente esta cristificação de cada um de nós e do outro. Urge que as pontes sejam tarefas de todos os dias e não apenas a semeadura de caminhos completamente minados.
Não sou mais do que outro por muito diferente que seja de mim...

terça-feira, 15 de abril de 2014

Assunto trans-pessoal que teima em não ficar resolvido… -ou talvez esteja, em mim, sem que eu próprio saiba.


(Por Leiria...)

É-me estranho falar de morte, é-me estranho ouvir falar de morte, sempre me foi estranha esta inevitabilidade que, desde novo, me acompanhou: a de ter de questionar "o porquê?" para pessoas que me eram tão próximas e ainda tão necessárias…

Sem qualquer diferenciação, a existência humana e o seu fim tem continuado o seu caminho junto de pessoas que conheço bem e menos bem. Mais recentemente, entre pessoas mediaticamente expostas e que quase “forjaram” o seu próprio fim e, outras, menos conhecidas (mas que a vida me permitiu o contacto e o conhecimento maiores) mas que repentina e acidentalmente se viram privadas da vida… (elas e os seus que tanto bem lhe queriam).

E aquela dificuldade de então, mantém-se. Sobretudo quando me vejo confrontado com esta velha limitação que nos acompanha a todos e a que chamamos tempo e à sua, e nossa, incapacidade de retrocesso… -Não conseguimos andar para trás, "re-fazendo" a história.

Sem qualquer pretensão filosófica, pode-se repetir o que um velho sábio há séculos proclamava: -Ninguém se pode banhar duas vezes na mesma água!
E, em jeito moderno e sem qualquer alvoroço do “aproveitar a vida enquanto podes”, resigno-me a essa angústia que não me consegue extinguir a certeza de que a vida é uma conquista de momentos  (de momento a momento) mas que, por vezes, esses mesmos momentos, sem qualquer explicação adicional, apenas pelo simples facto de terem acontecido, trazem à existência biológica (e psicológica, necessariamente) uma dificuldade acrescida, uma alegria, mais uma oportunidade, ou desafio, ou simplesmente o seu fim…

Gostaria de explicar isto que em mim se passa sem a memória pesada (no sentido de preenchida) com algumas histórias que vi interrompidas… não só pela maneira trágica, mas sobretudo porque a idade fazia prever e exigia (para não falar da realidade familiar) que mais anos fossem dados àquelas vidas... -mas assim não foi!

-Porquê, não sei. Sei que antes como agora continuo Crente que estes dias que nos são dados viver (ou não) deverão, MESMO, ser uma migalha do que é a Verdadeira Existência Humana…

Estranha Semana Santa esta que me traz ao centro do Mistério da Salvação com estas pro-Vocações… Mas, acredito-a e sei-a muito mais estranha para quem, estes dias, teve de viver, conviver, fruto da proximidade e da dor, com a inevitabilidade de quem vê partir quem ama… sem razão.

Talvez nunca haja uma razão. Ou razão alguma que não a de que a vida é mesmo assim…

Em momentos como este, o silêncio torna-se a linguagem de quem sofre, ou de quem já sofreu. E, raramente, são precisas/possíveis mais palavras…