Não sei porquê, dou por mim a perder a capacidade de escrever muito. Quer dizer escrever, escrevo muito, mas pouco de cada vez, aqui e ali. Nos meus tempos de estudante, para provar que sabia, ou mostrar que não, escrevia mais do que devia. A capacidade de síntese morava sempre um pouco ao lado.
À medida que a vida cresceu em mim, fui percebendo a cautela com que se usam as palavras. Hoje, mais do que nunca, se vai percebendo como um bom improviso implica muitos acessores e, pelo menos, um teleponto: é a vida. Ou, se quisermos, as marcas da modernidade.
Mas temos pena. Muita pena.
Com tantos meios e tanta modernidade a Verdade continua a ser ocultada, com mais ou menos palavras, para não dizer escondida (ainda não consegui encontrar um texto "oficial" sobre o assunto). Nuns campos isso percebe-se (parece que é uma questão de longevidade política) noutros quase que nos obriga a pedir ao Espírito Santo (não o de orelha, estou a falar do verdadeiro, espero!!!) para montar uma agência de notícias (ou de imagem, ou de comunicação, para citar outros exemplos) própria, senão outros o fazem, de mais e de menos, em Seu nome...
Tenho dito!
3 comentários:
Este teu desabafo lembra-me uma máxima , supostamente tirada de uma das cartas enviadas por Voltaire a Catarina, a Grande, da Rússia:
Perdoe-me, senhora, se escrevi carta tão comprida. Não tive tempo de fazê-la curta.
Em primeiro lugar recomendo que apague os dois comentários anteriores,creio tratarem-se de spam e recentemente começaram a aparecer no meu blog também. Quando cliquei nos contactos indicados o meu computador endoideceu...
Por fim, tem ali atrás uma bela citação de Voltaire. E não resisto a acrescentar uma outra máxima: «a vida é aquilo que acontece quando estamos ocupados a fazer planos», esta com o objectivo de desanuviar o ruído causado na nossa consciência pelo excesso de palavras, pela pressão para as encontrar ou até pela falta delas.
Já estão apagados!
Agradeço os comentários e essa inspiração à desplanização da vida. A vida surpreende, mas covém sermos capazes de a surpreender. Jogo de contrários que se completa.
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