terça-feira, 6 de outubro de 2015

Fugas de um Amor menor! -Ou isso, ou uma droga qualquer que me adormeceu, a mim, ou os enfeitiçou a eles!?

(Lisboa, 2015)


Reconheço a minha dita cuja preguiça, se assim lhe quisermos chamar. Mas a vida tem-me permitido (alguns excessos, é certo, mas também e sobretudo) uma certa convivência com o mundo e as pessoas de um modo geral. Ao ponto de me poder considerar um moderado com uma capacidade "fora do habitual" (presunção à parte) para ler a vida, os acontecimentos e as pessoas.
Talvez por isso, sempre que ouço os grandes gurus das ocupações alternativas de tempo (desportivas, artísticas, e outras)  não é sem uma certa distância de dúvida para-existencial que o faço e me posiciono a tentar perceber como é que é possível eu não ocupar de maneira tão loquaz o meu tempo ou os meus tempos!
E, reconheço, que nem um pingo de vergonha ou de inveja me assola!
Porque é vê-los (em tempos que já lá vão, tão ocupados para poder acompanhar os filhos à escola ou nos trabalhos; em tempos que já lá vão, tão expropriados da possibilidade de partilhar com as caras metades as lides mais ou menos domésticas; em tempos que já lá vão, completamente impossibilitados de empenhamento em qualquer causa enriquecedora do bem comum; em tempos que já lá vão, manifestamente entristecidos pela sua ausência na construção da dita cuja cidade que habitamos) agora a ter tempo, e a passar horas e dias a lutar pelos quilómetros sem fim, pelas velocidades estonteantes, pelas resistências supra humanas e a ausentar-se sistemática e continuamente do convívio daqueles a quem a vida lhes deu, por opção (e acaso), para não serem mais do que uma referência desportiva ausente, uma presença efectiva e afectiva que prima pela ausência.
Que me perdoem os meus amigos que, por vezes resvalam por estes caminhos da minha incompreensão, mas ninguém me tira  a ideia que tanta ausência, na companhia de  qualquer equipamento desportivo ou artístico ou, simplesmente, na companhia de si mesmo e da procura dos seus próprios limites (mesmo que a maior parte do tempo em alucinação quase letal) é comparável ao tempo que podemos e devemos passar com aqueles que amamos, em consciência!

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