tipo 2, mas apesar de tudo eu sei que somos (brothers in arms) e até fico curioso quanto à gestão.
Numa igreja que pouco ou nada discute e quando o faz o gosta de fazer à porta mais ou menos fechada. (Como Mário Lino diz e distingue: há estudos técnicos e decisões políticas) é bom saber que há gente, cá fora, que lança algumas ideias: esperando que cheguem lá dentro também. Podem não ser as melhores ou as mais acertadas. Mas são de ter em conta. Essencialmente porque são um convite à reflexão de todos aqueles que se estão marimbando para a sua carreira "eclesiástica" e decidem "sofrer" com o comum dos mortais...
Aqui ficam estes 2 apontamentos (que deviam ser três mas não consegui o texto da constança cunha e sá) dedicados a um conjunto de pasquins que desde o 10º ano de escolariadade me retraio de criticar (Agora, como antes, pouco ou nada mudou.); -não vá algum director chorar, apesar de co-adjuvado pelo maior número de comentaristas por metro quadrado.
- Um governo militantemente ateu?
04.04.2008, Vasco Pulido Valente
Com o risco de repetir Constança Cunha e Sá, insisto no tema. D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, disse esta semana que “o Estado não pode ser militantemente ateu” e “deixar de reconhecer” e “respeitar” a religião de cada um. O que estaria muito bem se D. Jorge não acrescentasse que o Estado deve também “proporcionar” a cada um “as condições necessárias” para “viver” essa “religião”. Evidentemente, quando D. Jorge pede ao Estado um papel activo, não pensa, por exemplo, nos vários ramos do protestantismo, no judaísmo ou no islamismo. Pensa na Igreja Católica Apostólica Romana e o que lhe custa é a progressiva perda de influência da Igreja na sociedade portuguesa, por iniciativa ou perante a indiferença de um Estado que, historicamente, a tinha promovido e sustentado. O arcebispo protesta com veemência contra “a incrível exclusão da presença católica” do “ambiente público” e do “ambiente político”. Mas nenhuma liberdade de nenhuma espécie foi tirada à Igreja. Nem a liberdade de se exprimir, nem a de se reunir, nem a de se manifestar. Se a sua “presença” no “ambiente” público e político não é maior, só se pode queixar de si própria e de uma cultura, a cultura do Ocidente “liberal”, que não a favorece. O Papa Ratzinger avisou que a Igreja se iria inevitavelmente tornar numa pequena minoria ignorada e fraca; e que o tempo triunfante da aliança com o Estado acabara para sempre. Só que a realidade não dói menos por ser prevista e até esperada. O episcopado e os católicos não se resignam ao lugar que é neste momento o seu e tomam por um “ataque” o que não passa, no fundo, do curso “natural” das coisas.
O resultado do referendo sobre o aborto, o “facilitismo” do divórcio, a união de facto e o casamento de homossexuais (que não tardará) não são um “ataque” do Estado à Igreja Católica. São a consequência - em Portugal, como em Espanha ou em Inglaterra - dos valores que a maioria adoptou e pratica. É compreensível e legítimo que a Igreja se insurja contra tudo isto. Já não é compreensível e legítimo que declare o pobre governo do PS “militantemente ateu” e, ainda por cima, por obra e graça de “forças” que Sócrates não “vigia”. Se a Igreja quer recuperar o que perdeu, esqueça finalmente o Estado e os ridículos privilégios de que ainda goza, e venha para a rua. Não há outra maneira de ganhar uma existência pública e política.
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