sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Por muito diferente que seja de mim...



 (onde quer que vá ou me encontre)

Porque homenagear as vítimas não me transforma em charlie, assim como condenar os agressores o não faz. Não que seja um moderado antes pelo contrário.
Sou da massa dos que fervem com as injustiças do mundo. Mas o mundo que nos contam é tão diferente do mundo que nos escondem. Talvez por isso, e sem qualquer reserva moral, a liberdade tão apregoada pelos arautos da mesma precisa de ser vivida com abertura suficiente para que os seus passos não sejam os da provocação constante e do desrespeito do outro.
Quanto esta acontece ( e aqui ela é bilateral, deixemo-nos de falsas modéstias ou cegueiras circunstanciais), não há espaço para grandes considerações filosóficas, de pendor místico-gasoso, defensoras duma ação que não permita o silenciar imposto.
Acredito que não há piores silêncios do que o da indiferença ou dos que nascem das pazes impostas (negociadas).
Negociação e indiferença são terras de ninguém, assim como a provocação!
Levam-nos, sempre, para os campos do outro, do alheio, do desconhecido porque diametralmente diferente… E aqui as diferenças alheias, porque aparentemente aceites, não transformaram mentalidades apenas as adiam de se cumprirem até um dia…
Não sei se Europa encontrará caminhos de salvação. Sei que a nossa história e a história de cada comunidade tem uma linha que, ao ser feita e percorrida, traz alterações significativas ao jeito de ser e de pensar (levando-nos para o campo do existir).
Tentar o contrário, é desejar o impensável… talvez por isso eu hoje não seja charlie, por que continuo a ser daqueles que não entende e aceita em plenitude a diferença do outro (desculpem-me mas é verdade de mim), e por isso continuo, supostamente, a matar em cada dia que passa. Aceitando, contudo, continuar a fazer o caminho inverso como projeto. A Amar, portanto.
Aceito, ou tento pelo menos, a diferença radical de mim nos outros, tentando amá-la mesmo sem a compreender em tantas essas outras vidas. Conseguindo, contudo, entendê-las como sagradas.
O Outro é Sagrado para mim. Nunca tanto como agora, no sentido que este é o tempo que nos é dado viver: é urgente esta cristificação de cada um de nós e do outro. Urge que as pontes sejam tarefas de todos os dias e não apenas a semeadura de caminhos completamente minados.
Não sou mais do que outro por muito diferente que seja de mim...

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